Testemunho

Nota: ainda estou atualizando este testemunho, pois inicialmente escrevi para um outro fim.

Meu nome é Carlos Henrique, e trago em minhas memórias alguns fatos da minha vida. Tempo de escola, catequese e primeira comunhão. Eu odiava, pois minha mãe me forçava a ir, ou era a catequese, ou eu ficava sem computador. Não havia razão, era para ir porque minha avó foi, minha mãe foi, e eu tenho que ir. Como eu gostava muito de joguinhos no computador, tive de suportar a catequese. Fui até o final, murmurando, reclamando, dormindo em sala de aula, enfim, lidando como se fosse um martírio, uma coisa insignificante.



Mas algumas coisas me chamavam atenção. Lembro que na escola, em período de ensino fundamental e ensino médio, eu sofria muito com agressões verbais e físicas de parte de meus colegas de classe. E numa catequese, ouvi que Nosso Senhor Jesus Cristo, havia recebido um tapa na cara, e havia virado a outra face, para que fosse também agredido. Então comecei a praticar isso na escola, mas não deu muito certo, pois eu ficava com raiva dos meus colegas, e queria muito brigar com eles. E assim se estendeu por muitos anos, até o fim do ensino médio.

Na escola que eu estudava, chamada São José, na cidade de Tubarão, nossa professora de catequese nos levava a Santa Missa na capela da escola, e eu dormia todas as vezes. Nesta mesma época, meus pais iam algumas vezes na Igreja, aos domingos, mas era bem raro ir frequentemente. Algumas vezes me levavam junto, e eu queria sempre ir embora, ou ficava dormindo nos bancos.

Recordo, que vários momentos desse tempo de escola, eu saia de bicicleta, e ficava conversando com Deus, as vezes até xingando, porque eu tinha que passar todo aquele sofrimento psicológico e físico na escola. O mesmo aconteceu quando comecei a “ficar” com as garotas, na idade de 14 anos. Muito ingênuo, e confiando demais nas pessoas, era facilmente enganado. E quando não suportava mais, eu saía de bicicleta para conversar com Deus. Cheguei a pensar que Deus não existe, pois se existisse não estaria passando por todas aquelas dificuldades.

Minha irmã e eu, nas "baladas".
Depois dos meus 14 anos, passei a frequentar muito as chamadas “baladas”. “Ficava“ com muitas garotas, bebia muito, praticamente “enchia a cara”. Nos meus 16 anos, coloquei na cabeça que queria trabalhar com DJ de “balada”, e ia ficar famoso no mundo inteiro.

Antes de fazer meus 18 anos, fui para os Estados Unidos com meus pais. Fiquei lá durante 2 anos. Minha distância de Deus só aumentava, a ponto de no período de permanência no exterior, nunca ter ido em uma Igreja Católica. Mas era convidado pelos meus colegas e amigos de escola, na qual frequentei no exterior, e ia a alguns cultos evangélicos. Mesmo assim, dificilmente, nunca pensava em Deus.

  

 

Depois desse período, voltei para o Brasil. Na volta, comecei a namorar em tempo de faculdade. Cada vez mais longe de Deus, só O buscava em períodos difíceis, do mesmo jeito que antes. Namorava da forma como o mundo aceita por um namoro comum. Relações sexuais, camisinha, balada. Um ano depois, outro relacionamento, mais duradouro, mas regido das mesmas práticas do mundo. Dois anos depois, mais um relacionamento, e o uso de uma pílula do dia seguinte, na qual não sei se foi efetiva.



Depois disso tudo, por obra de Deus, parei de procurar novos relacionamentos. E disse a mim mesmo que iria aguardar a mulher certa aparecer. Não demorou muito, em questão de dias apareceu.

Começamos uma amizade relacionada a trabalhos da faculdade, e trabalhos profissionais. Devido a grande semelhança de formas de pensar, acabamos por nos aproximar mais ainda. O nosso relacionamento com Deus, fazia com que ficássemos horas e horas falando sobre as coisas do Céu. Nos emocionamos as vezes, de tantas coisas que compartilhamos de forma tão semelhante, como se já nos conhecêssemos desde sempre. Eu ainda não havia começado a namorar com ela, pois pensava que ela ainda namorava outro homem, então mantive uma amizade comum até ela me dizer que já não namorava mais faz meses. Quando eu soube disso, comecei a convidá-la para sair. Depois de algum tempo, ela aceitou o namoro.

Começamos um relacionamento parecido com os que eu tinha antigamente, fazendo até eu desconfiar de que eu realmente tinha esperado o suficiente pela mulher certa. Apesar de não haver relações sexuais, o que a mim havia trazido um grande alívio, pois no íntimo do meu ser, gostaria de ter um relacionamento correto, um relacionamento onde Deus estivesse no centro, tínhamos uma série de atitudes que nos levavam a pecar, e pecar muito. Luxúria, vaidade, soberba, ciúmes, ira, eram constantes, juntamente com os pecados mortais de não amar a Deus sobre todas as coisas, o nome de Deus estava sempre em nossas falas em momentos desnecessários, as vezes faltávamos a Santa Missa por bobeira, para dormir até mais tarde, sempre trabalhávamos no dia de Domingo, mesmo quando não havia a necessidade real, desprezando a lei de Deus, frequentemente não respeitávamos nossos pais, enfim, não obedecíamos nenhum dos mandamentos de Deus. E neste tempo, ainda comungávamos, como se estivéssemos em estado de graça. Quantas ofensas causamos contra Nosso Senhor Jesus Cristo.

Prosseguimos com este tipo de vida, durante longos 5 anos. Nisto, podemos constatar que, nossas vidas estavam de indo de zero a negativo, parecia que nada dava certo. Desde que nos conhecemos, queríamos nos casar, mas o trabalho vinha antes. Trabalhávamos doze horas por dia para ganhar uma “mixaria” no fim do mês, por conta de sonhos financeiros irrealizáveis. Abrimos empresa, fechamos empresa. Insistimos, insistimos em fazer a nossa vontade, como se isto fosse o melhor para nós.



Mas sem sucesso, chegamos ao ano de 2015. O ano em que nossas vidas mudariam até hoje.

Nós acompanhávamos quase que diariamente o programa “Momento de Fé” do Padre Marcelo Rossi. Um dia, minha noiva estava escutando, quando o Padre, de forma muito sutil, falou sobre um tal livro chamado, “O Segredo do Rosário”, e assim despertou no coração dela a vontade de adquirir e ler este livro.



Neste meio tempo, uma série de eventos consecutivos aconteceram. Abrindo nossos olhos para o que estava acontecendo no mundo, e conosco. Foi quase como que se tirassem o véu que nos cegava. Não estivéssemos sido preparados por Deus, em seus misteriosos desígnios e caminhos, teríamos seguido um caminho totalmente oposto, pois o que descobrimos, foi totalmente devastador. 

Tudo teria que mudar, primeiramente o nosso interior. Esta foi nossa primeira conversão rumo a “Verdade”, mas muito pequenina ainda era a altitude que estávamos planando…

Vários livros que nos ajudaram a tirar o "véu" que nos cegava.

Lendo o dito livro, houve uma modificação interior em nossos corações. Ingressamos de “corpo e alma” na Confraria do Rosário, e começamos a rezar o Santo Rosário com a adição dos mistérios gloriosos (equivalente a 4 terços) diariamente em nossas casas, ou até juntos na casa da minha noiva.

Foram 6 meses muito difíceis. Entre dormir durante vários momentos do Rosário, sermos tentados a desistir, até sonhos que nos faziam passar momentos de terror durante as noites. Chegando perto do fim do ano de 2015, o Papa Francisco declara o ano da Misericórdia em 2016. Muito inesperadamente, a minha sogra, que faz vários trabalhos para a Igreja do Campestre, em Tubarão, quando minha noiva estava rezando o Santo Rosário, veio a seu encontro para lhe fazer um pedido. Rezar o Santo Rosário na Capela do Campestre, durante o ano todo da Misericórdia, na parte da manhã. Minha noiva, sentira também esta vontade no coração, mas estava esperando um sinal.

Começamos em dezembro de 2015, a ir das 06:00h, a Igreja do Campestre, e ficar durante quase 2 horas, todos os dias, rezando o Santo Rosário. Eu, minha noiva, e minha sogra. Várias coisas aconteceram. Mas todas não importam muito agora, mas importaram no momento das provações que tínhamos durante esta missão. Durante o Santo Rosário, no ano da Misericórdia, paramos de pecar mortalmente, evitando até aproximações que eram normais entre um casal, na qual o namoro do “mundo” aceita livremente. Passamos a nos tratar com mais respeito, e a cada dia que passava, mais fácil ficava lidar com as tentações do pecado, da castidade, da pureza. Quanta força e saúde, quanta perseverança foi nos concedida para rezar, sem falta, todos os 365 dias do ano da Misericórdia. Quantas graças nos foram concedidas através da Virgem Santíssima para nos fortalecer na batalha contra o mal, que nos judiava, e sem descanso, tentava nos arrastar rapidamente para uma vida de pecado. Uma foto abaixo expressa que não perdíamos um dia sequer, nem que estivesse quase "nevando".



Longos foram estes 365 Rosários. Mas que bênção que nos foi concedida. Em vários momentos, muitas consolações do Céu vinham ao nosso encontro, nos dizendo que estávamos no caminho certo, no caminho que Deus sempre quis. O Santo Rosário me modificou de tal maneira, que minha família passou a querer o antigo eu, o velho homem de volta, e isso causou muitos conflitos indesejados. Isto também aconteceu com minha noiva.

Minha vida mudou de uma face para outra totalmente, todos os meus sonhos, minhas vontades, minhas dúvidas quanto ao meu futuro, minha confusão de idéias, minha quase depressão, tudo, parece que morreu. O Santo Rosário foi a arma, de Nossa Senhora, para que matasse o homem velho que eu era, para que o novo homem, o homem que Deus tinha em seus planos de Amor, surgisse.

Durante este período, começamos a adquirir mais conhecimentos sobre a religião católica. A história antiga da Igreja, Medieval, Teologia do Corpo (catequeses de Papa João Paulo II). Conhecemos também sobre uma série de perigos que nos rodeiam, no mundo, e no Brasil.

Certo tempo depois, conhecemos outra devoção que iria transformar nossa vida espiritual radicalmente, com enormes reflexos em nossa vida material. A Total Consagração a Virgem Santíssima.

A conhecemos através de um jovem no seminário de Tubarão/SC, que nos apresentou esta devoção. Até alegremente mostrou suas correntes e anel. Confesso que na hora me causou estranheza, mas me chamou muita atenção a alegria com que este jovem apresentara tal devoção para nós. Passaram-se alguns meses depois do ocorrido, e no site que usávamos para estudar sobre a religião, tinha um curso sobre a Consagração. Isso me “pescou” de um modo que não posso explicar. Simplesmente comecei a ver o curso e só parei ao terminá-lo.

Pronto, meu “coração” entendeu tudo, como se estivesse esperando desde sempre para fazer isso, e eu e minha noiva, nos determinamos a nos consagrar totalmente a Virgem Santíssima. Comprei o livro do Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, e começamos a ler. Quanta coisa linda, quanto poderia descrever de alegrias e consolações sentidas em ler tão rico livro. Meu vocabulário e minha escrita são muito “pobres” para transcrever o que se passou em meu coração. A partir daqui, é mais do que visível, que em nossas vidas, alçamos um vôo mais alto rumo ao Céu.



Depois de ter lido, me senti já consagrado, e passei a praticar como se o fosse. Ao mesmo tempo, planejamos nossa Consagração Total a Santíssima Virgem Maria. Agora quem poderia nos consagrar? Eis a nossa pergunta. Perguntamos ao consagrado que encontramos no seminário, e ele havia indicado um padre. Fomos até o Padre e ele disse que não fazia mais consagrações! Procuramos nosso pároco, e sem sucesso novamente. Nisto ficamos um certo tempo, tentando achar quem nos ajudasse.

Havia um amigo nosso, que nos havia dito a algum tempo sobre uma tal de Missa Tridentina que nunca havíamos ouvido falar antes, na cidade de Treze de Maio, no Castelo Belvedere. Na verdade, nem sabíamos que havia castelo na região!

De forma não planejada, acabamos por nos lembrar deste fato, e um dia fomos visitar a dita capela de Santa Rita Cássia no Castelo Belvedere. Chegando lá, nos deparamos com um cenário bem atípico, quase como se tivéssemos sido “transportados“ para outro país. Realmente uma beleza única nesta região. Notamos várias pessoas por aqui, por ali, batendo fotos, rindo, falando alto, crianças correndo pra lá e pra cá, brincando com os peixes do pequeno lago do Castelo Belvedere. Ao chegarmos na Capela, entramos, e ficamos extasiados, sem palavras diante daquela beleza que nos remetia às coisas do Céu. Em uma outra oportunidade fomos a uma Missa Tridentina. Belíssima. Até passou pela nossa cabeça que não iríamos mais na Missa comum que estávamos habituados. Mas o que realmente aconteceu é que passamos a encontrar muito mais beleza na Missa comum também, pois antes não estávamos com tanta profundidade na Missa, era um pouco superficial, no entanto depois de ter ido na Missa Tridentina, vimos que a Missa é muito mais do que aquilo que pensávamos, e a nossa fé aumentou bastante.

Passamos a frequentar mais o Castelo Belvedere por causa da Missa Tridentina, e das adorações aos domingos, e conversar de vez em quando com o Padre Nivaldo Ceron.

Altar Capela Santa Rita de Cássia - Castelo Belvedere


Um dia tivemos a ideia de perguntar para ele se ele poderia nos consagrar totalmente a Maria Santíssima, e ele disse que conhecia consagrações, mas nunca havia ouvido falar dessa Consagração Total. Então lhe emprestamos o livro do Tratado a Verdadeira Devoção a Virgem Santíssima. Não demorou muito tempo, e ele, maravilhado com o que havia lido, disse, “a maioria das coisas que li aqui eu já sabia, mas a forma como foi escrito, sem palavras, agradeço muito a vocês por terem me apresentado esse livrinho belíssimo.”.

Marcamos a data, 8 de dezembro de 2016, e começamos os preparativos, já documentados no livro, para bem nos consagrarmos totalmente a Maria Santíssima. 30 dias de preparação, com orações diárias de joelhos. Esses 30 dias se arrastaram tão lentamente que pareciam quase meses. E chegou o dia. Para nós, tão importante quanto qualquer outra coisa em nossas vidas. Iríamos entregar todos os nossos desejos, sonhos, vontades, méritos ganhados nas orações passadas, presentes e futuras, tudo seria de Maria Santíssima. Nós tornaríamos, literalmente, propriedade da Virgem Santíssima, assim como escravos de seus Senhores. Deste dia, nunca mais me esquecerei.

8 de dezembro de 2016
Pedimos emprestadas duas túnicas brancas da Igreja do Campestre em Tubarão, e a vestimos neste dia memorável, eu coloquei o Santo Rosário (200 contas) de forma transversal começando do meu ombro esquerdo, até a parte direita do meu corpo. Minha noiva fez o mesmo, e colocou um véu para cobrir seus cabelos. Antes de entrar na Capela, o meu coração batia muito lentamente, mas a cada batida parecia que iria sair pela boca. Finalmente entramos na Capela, e avistamos os pais da minha noiva, na qual não deram certeza de que viriam. Foi uma grande surpresa para ela, e ela logo se emocionou muito. Neste dia, o Padre Nivaldo nos presenteou com uma bela Missa Tridentina para a nossa Consagração. No momento de nossa Consagração, me ajoelhei a direita, e minha noiva a esquerda em dois genuflexórios em frente ao altar. O Padre começou a fórmula da Consagração, e Deus nos deu muita fortaleza para suportar as emoções que nos atingiam a cada segundo. Na nossa vez de professar nossa entrega na Consagração, comecei a primeira parte. Na parte em que minha noiva iria professar, ela suportou até certo ponto, e depois não saia mais som de sua boca, apenas lágrimas de seus olhos já muito vermelhos de emoção, então o Padre disse que eu continuasse, e a trancos e barrancos, com muita emoção, fui até o final, com o Padre nos auxiliando. Não tenho certeza, mas acho que até o Padre se emocionou com aquele momento. Enfim, depois de ter nos Consagrado Totalmente a Virgem Santíssima, pegamos nossos objetos, sinais visíveis de nossa consagração, para que não a esquecêssemos, ao qual o próprio livro recomenda, mas não obriga o uso. Um anel de inox, com o símbolo de uma corrente, e uma corrente de inox, para colocar no tornozelo. O Padre abençoou os objetos, e logo colocamos. E terminada a Consagração, fomos embora.

Depois da Consagração, as nossas vidas começaram a ficar muito mais claras. O rumo, o caminho, ficou muito mais claro para nós. Agora não nos pertencíamos mais. Éramos totalmente de Maria. E como Ela sabe do que precisamos, assim como nas Bodas de Canaã, Ela disse para nós, “fazei o que Ele vos disser”, as coisas em nossas vidas andaram de forma muito rápida, pois nós não queríamos mais fazer nossa vontade, mas a de Deus. Voltei a trabalhar com meu pai no restaurante dele, entregando tudo para Deus, através de Maria Santíssima, pois confesso que não gostava de trabalhar no restaurante. A questão do nosso casamento agora vinha em prioridade máxima, pois era para isso que Deus nos chamava, ao Santo Matrimônio.

05/01/2018 - nos casamos.

20/11/2022 - muito se passou, e algumas situações infelizes aconteceram no nosso casamento. Peço orações.

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